01/03/2019

RESENHA: O Menino do Vagão - Pam Jenoff

O Menino do Vagão
Autora: Pam Jenoff
Editora: HarperCollins
Páginas: 288
Ano: 2017
"Uma fantástica história de amizade nascida através do sacrifício e da necessidade de sobreviver durante a Segunda Guerra Mundial.
Durante a ocupação nazista na Holanda, Noa, uma jovem de apenas 16 anos, engravida de um soldado alemão. Contra a sua vontade, ela é obrigada a entregar seu bebê recém-nascido para a adoção e é praticamente abandonada em um cenário de guerra e destruição. Em busca de abrigo, ela chega em uma pequena estação de trem no interior da Alemanha onde, em troca de comida e um lugar para dormir, ela passa a trabalhar.
Até que em uma fria noite de inverno, Noa descobre um vagão de trem repleto de crianças judias roubadas de seus pais, com destino a um campo de concentração. Em um momento que mudará toda a sua vida, ela decide salvar um dos bebês judeus. E, talvez, recuperar a esperança que foi levada junto com o seu filho. Começa assim, a sua jornada em busca da liberdade.
Em O Menino do Vagão, Pam Jenoff constrói personagens inesquecíveis e emocionantes para nos oferecer o poder que só uma ficção poderosa consegue criar: o olhar do passado para refletirmos o futuro e o que significa, verdadeiramente, sermos humanos."
Uma obra intensa!

O Menino do Vagão é uma obra que se passa em uma época sombria, a segunda guerra mundial, e onde conhecemos a história de Noa e Astrid. Duas pessoas completamente diferentes que tem suas vidas cruzadas por conta dessa guerra.

Noa, 16 anos, vê sua vida mudar completamente quando engravida de um soldado alemão, ela é expulsa e como não tem mais ninguém e nem pra onde ir, decide entregar o bebê ao Reich, mesmo se arrependendo após o nascimento, não tem outra alternativa. Ela então consegue um emprego em uma estação de trem e um dia encontra um vagão cheio de bebês judeus, uns mortos e outros com a vida já se esvaindo, é impossível para Noa não relembrar do seu filho e impulsivamente pega um dos bebês e foge.

Astrid é uma mulher madura, uma talentosa trapezista de uma família tradicional do circo que abandonou após se casar com um alemão, mas quando a guerra começa a se intensificar o casamento não suporta e ela tenta reencontrar sua família. Voltando para a casa dos pais, percebe que não há mais ninguém lá e encontra abrigo no circo que posteriormente também ajudaria a Noa.
“– Só um tolo não tem medo. Precisamos do medo para manter nossos limites.”
Eu tinha certa expectativa em relação a essa obra, já que tramas que se passam na segunda guerra mundial trazem grandes ensinamentos, reflexões e alguns socos na cara de como a realidade foi cruel para algumas pessoas por mais fictícia que a história seja. Não me decepcionei.

O título O Menino do Vagão vende a história que  o foco seria na criança, mas não, o foco está nas duas mulheres. Seus medos, receios, vontade de viver e de como a guerra afetou o rumo da vida delas e as fez se encontrarem. A principio Astrid se mostra bem intragável, até um pouco arrogante e fica receosa com outra judia no circo, mas aos poucos a Noa e o pequeno Theo vão conquistando o espaço e respeito da trapezista. 

Os capítulos da obra são alternados, onde temos a visão de ambas as personagens, dando um dinamismo a mais na leitura e fazendo-nos conhecer um pouco melhor das personagens. Cada uma tem seus próprios obstáculos e frustrações para lidar, mas Pam Jenoff presenteia ao leitor uma belíssima amizade feminina onde elas se ajudam, se protegem e se respeitam. Foi uma amizade construída aos poucos e muito linda de acompanhar, vê-las abaixando as armaduras e confiando uma na outra.

No entanto devo admitir que fiquei chateada com certas decisões das personagens, da Astrid e seu comportamento um pouco grosseiro em alguns momentos e da Noa por fazer coisas que podia machucar não só ela, mas como prejudicar todo o circo. Mas no final das contas tudo se encaixa. 
“– Astrid, eu ainda estou sem entender. Mesmo com as coisas tão ruins, simplesmente desistir assim...
– Não julgue – digo, a repreensão em minha voz mais aguda do que pretendia. – Às vezes, esconder-se o tempo todo acaba ficando insuportável.”
Além das duas principais personagens, também somos apresentados a outros como o Peter, o palhaço do circo e que tinha um romance com Astrid e que devo admitir não morrer de amores, ele se mostrou prestativo e disponível para a nossa trapezista, porém ele fez algo que me incomodou. Mas quem eu daria destaque mesmo como personagem secundário foi o Herr Neuhoff, dono do circo, que ajudava as pessoas através de seu circo mesmo colocando-o em uma situação de risco.

O Menino do Vagão é uma obra que é inspirada em alguns acontecimentos da segunda guerra, e sim, houve vagão com bebês judeus, pessoas que usavam circo pra esconder e salvar judeus tanto que a própria autora considera esse livro um tributo a coragem dessas pessoas. É uma obra que li um pouco mais lentamente e que tem o final bem tenso... foi impossível não me emocionar e querer um rumo diferente, mas estavam no meio de uma guerra e quem mais sofre são os inocentes, que nada tem a ver com ela.


5 comentários

  1. Olá Kamilla!
    Essas obras que possuem pano de fundo histórico sempre me emocionam, e já vi que O Menino do Vagão segue a mesma linha e entrega uma história cujos personagens vão facilmente conquistando a empatia do leitor, principalmente de mães que sabem como ninguém mais como o laço que as une a seus filhos é poderoso. Percebi que o desfecho reserva ao leitor emoções fortes, o que torna a leitura bastante satisfatória.
    Beijos.

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  2. Li a resenha desse livro em outro blog e gostei muito. Todas as história que retratam a guerra são emocionantes e sempre tem algo a acrescentar. A capa desse livro para mim demonstra simplicidade, sem dizer muito da história.

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  3. Olá! Também gosto bastante de livros que retratem esse período tão horrível da nossa história, esse me agrada muito, já que o enredo foque principalmente na amizade entre essas duas mulheres, mesmo elas, às vezes, tendo atitudes que não aceitamos, mas acredito que no final, isto demonstre a humanidade de ambas.

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  4. Oi, Kamilla
    Adorei a capa do livro.
    Gosto muito de ler livros que tem a segunda guerra como cenário, que nos trás lindas mensagens, porém tem dor e sofrimento.
    Ainda não conhecia o livro, mas fiquei bem intrigada com o enredo que conta a vida dessas duas personagens e como a amizade delas se consolida.
    Quero ter oportunidade para ler, beijos!

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  5. Quero ler esse livro gosto de historias que se passam na guerra, são muito tristes e revoltantes, mas nos mostra como foi para muitas pessoas, que horror bebês em vagões deve ser uma historia de cortar o coração. Que personagem o dono do circo, nos passa inspiração, por ajudar as pessoas, mesmo correndo riscos, pessoas assim tem um grande coração.

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