05/06/2020

RESENHA: O Espião Que Saiu do Frio - John Le Carré

O Espião Que Saiu do Frio
Autor: John Le Carré
Editora: Record
Páginas: 238
Ano: 2013
Numa época em que Berlim ainda convivia com o muro que a dividia em dois, Leamas, um espião britânico, chefiava um grande grupo de agentes ocidentais que agiam no lado soviético da cidade alemã. Na Berlim Oriental, espiões de muitas nacionalidades e ideologias lutavam silenciosamente numa verdadeira terra de ninguém, onde a vida humana não tinha muita importância.
Em um momento particularmente difícil, Leamas vê o último agente da rede que chefiava ser morto ao tentar fugir para o lado ocidental da cidade. Derrotado e desiludido, ele volta para sua cinzenta Londres. Mas não consegue se afastar de sua guerra. Acaba voltando ao combate e ao fogo cruzado das mentiras, traições e dissimulações do jogo da espionagem internacional. Mais uma vez ele é obrigado a penetrar na Cortina de Ferro para a tarefa mais difícil de sua vida. Uma missão que o deixa frente a frente com uma situação inesperada, quando o amor o expõe ao fogo cerrado das metralhadoras.
O ESPIÃO QUE SAIU DO FRIO é uma trama inteligente, com personagens inesquecíveis e grandes doses de suspense. Um romance que escapa das limitações da literatura de gênero e sobrevive até os nossos dias como obra-prima de um dos maiores escritores britânicos da segunda metade do século XX. Um sucesso de crítica atestado por seus milhões de leitores em todo o mundo.

Alec Leams é um espião britânico que atua na Alemanha Ocidental em plena Guerra Fria, ele é um espião infiltrado. Vive no frio, ou seja, trabalhando como espião e não podendo ser ele mesmo. Quando o último agente infiltrado morre, sobrando apenas o próprio Leams na missão, ele volta para Londres. Ao invés de finalmente sair do frio, o Control - chefe responsável por toda a rede de espionagem - o manda para uma nova missão, que tem tudo a ver com a missão anterior.

O Espião Que Saiu do Frio tem uma trama bem diferente de tudo que eu já havia lido, apesar do livro tratar sobre espionagem, não há nada de ação, brigas e tiros. A experiência foi satisfatória, mas alguns pontos me incomodaram.

A obra foi publicada pela primeira vez em 1963, então o tipo de escrita é bem formal e robusta e isso no começo foi um pouco desconfortável, depois me acostumei. Mas juntando isso ao fato do inicio do livro ser extremamente monótono e lento, foi um pouco difícil... no entanto isso só foi no começo, depois a história começa a ficar interessante. 

Alec Leams é um personagem bem intrigante, ele aparenta ser um cara profissional e leal, mas no final foi bem claro pra mim que faltou um pouco de personalidade, do tipo que faz o que mandam porque é o melhor. Mas será que é? Vale tudo pra ter aquele resultado? Fiquei com esses questionamentos, apesar de ter gostado bastante dele, só teve umas falas machistas bem babacas vindas dele, que me deixaram bem irritada.
“Somos o preço, o preço ínfimo… Mas em toda parte acontece o mesmo, pessoas ludibriadas e iludidas, vidas inteiras desperdiçadas, pessoas fuziladas e presas, grupos e classes de homens eliminados por nada…”
O livro trás muito essas questões, sabe? Se passa durante uma guerra e nos foi apresentado alguns tipos de pessoas bem repugnantes: fascistas e preconceituosos. Então a obra nos faz questionar muitas coisas, apesar de antiga e fictícia, agrega muito. No entanto, não esperem uma obra cheia de ação, o foco é totalmente no jogo de espionagem, mentiras, intrigas e até traições. Não irei me adentrar, porque é uma teia tão complexa, que se falar algo pode estragar a leitura.

John Le Carré nos presenteia com uma obra curtinha, mas com um grande conteúdo. Os personagens são bem construídos, sem dúvidas o Leams foi um personagem bem singular e interessante de conhecer, mas destaco muito a Liz que acabou sendo jogado no meio desse esquema sem saber, mas que foi até o fim foi fiel com suas opiniões e ideologias. O final foi totalmente surpreendente e um pouco decepcionante, mas válido. Recomendo que leiam esse clássico, e ah, vale lembrar que o autor foi espião de verdade.


6 comentários

  1. Nossa..eu admito que nunca havia lido ou visto algo sobre este livro,mas pelo que li acima, o enredo é muito interessante.
    Esse lance de guerra mexe tanto com a gente, só de ler, imagina viver tudo isso??
    Já vai pra lista de mais desejados!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  2. É a primeira vez que vejo esse livro; gostei da capa e da premissa.
    Fiquei interessada pela ambientação e pelos questionamentos que a leitura traz.

    Beijos

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  3. oi Kamila tudo bem ? entáo diversas vezes eu tive a oportunidade de comprar esse livro .Quando ia no sebo eu olhava esse livro achava o titulo curioso mas era só
    nem sabia que essa nova capa muito mais bonita que a primeira
    e a sua resenha é a primeira que leio
    fiquei com vontade de ler agora
    bjs

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  4. OI Kamilla, eu gosto muito de livros de ficção que se passam no período das grandes guerras. Mas confesso que livros com começo já monótono acabam não me agradando muito, especialmente quando o livro já tem uma linguagem um tanto mais dificil. Que bom que você curtiu o livro!
    www.osdeliriosliterariosdelex.com.br

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  5. Oii Kamii!
    Nossa, só de ler o titulo já imagina tipo o filme de James Bond.. Pois é, viajei demais. kkkk
    Adorei a resenha, o livro parece ser bem interessante, ainda mais sendo um clássico. Já vou até anota para que algum dia eu leia..Ah, achei curioso em saber que o próprio autor foi espião, deve ser demais! não custa sonhar né! kkkkkk

    blog: Tempos Literários

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  6. Kamilla!
    Já li o livro, porque sou bem fã do autor e fiquei feliz em ver que esse trouxe uma outra visão dele para você.
    O estilo de John Le Carré é elegante e conciso, pontuado por vívidas reflexões sobre a condição humana. É um olhar talvez cínico e desiludido, mas sempre profundamente humano. Não se trata de um livro sobre espiões, mas antes de tudo sobre homens e as difíceis decisões e escolhas que fazem parte de suas vidas...
    cheirinhos
    Rudy

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